Finalmente ontem tive a (tão esperada) oportunidade de ver a sessão de pré-estreia de “Apenas o fim”, filme já comentado algumas vezes aqui no blog por ter um protagonista nerd/geek no sentido mais “nosso” da palavra.
O filme, escrito e dirigido por um aluno de cinema da PUC é simplesmente uma obra de arte indie-nerd. Muito delicado, o filme tem dois principais elementos: sua simplicidade e seu roteiro. Ele fica no limiar entre o que um filme precisa para ser ótimo com o menor número de recursos, materiais e técnicas possíveis.
Ele é também um alívio para todos que acham que esse tipo de filme só pode ser visto na temporada de festivais de cinema, além de ser um tapa na cara de quem acredita que filme nacional, para fazer sucesso, tem que tratar de favelas, do nordeste ou ter atores “globais” como protagonistas (como os de Daniel Filho).
"Apenas o fim" será, sem dúvidas, um divisor de águas para o cinema nacional. Ele será a maior prova de que é possível chegar aonde ele chegou (sem nem ao menos ter estreado oficialmente) sendo um filme nacional e, mais surpreendentemente, independente!
Em termos mais técnicos, o som do filme não ficou tão bom. Durante boa parte, o som ambiente fica alto demais. Mas mesmo assim, pude identificar esse “problema” como um charme adicional do filme. Como se fosse uma mostra do quão solidária foi a produção, basicamente feito na base da amizade e da camaradagem e que a caracteriza fortemente como independente.
Eu não sei até que ponto o público menos geek compreenderá as referências, mas não vejo isso como um grande empecilho para o efeito “Juno” do filme, onde um filme indie acaba tendo um foco massivo na mídia. Fato notável é que não se pode distrair-se por um momento, senão você irá perder um ou outro comentário (geralmente comparativo) do protagonista.
O filme é basicamente a personalização da nossa junventude e todas as referências culturais pop do final dos anos 80 e dos anos 90. Logo, qualquer semelhança não é mera coincidência. Com certeza em muitos momentos você vai, como eu fiz, se identificar com os protagonistas.
Um outro ponto muito interessante do filme é a falta de preocupação de pequenos “erros” (na falta de palavra melhor) que ocorrem durante as cenas e que são deixadas na edição final, trazendo ao filme uma aproximação maior com a nossa realidade, tal como a bolsa dela caindo pelo braço e ela levantando-a novamente ou os dois se atrapalhando e falando um por cima do outro.
Porém, mesmo sendo uma produção de baixíssima verba, o filme tem ótima fotografia, atuações (que você certamente irá identificar com pessoas que você conhece), direção de arte e trilha sonora. O final do filme é muito bonito e te faz ficar pensando mesmo depois de sair da sessão (e essa última é uma característica decisiva para um filme ser bom, pra mim).
Uma coisa é certa: mais uma vez fiquei pensando novamente se não seria cinema a carreira que eu deveria seguir profissionalmente...
De qualquer modo, espero ansiosamente que "Apenas o fim" sirva de inspiração para a nova geração de cineastas nacionais que estão por vir e que Matheus Souza, o diretor e roteirista, continue nos presenteando com seus trabalhos por muitas vezes mais.
"Apenas o fim" é O filme nacional do ano!
